Dorme, dorme, dorme. É assim que funciona a hipnose? Cientistas explicam…

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Dorme, dorme, dorme. É assim que funciona a hipnose? Cientistas explicam…

Você está com sono, com muito sono…e quando eu estalar os dedos. Calma. Será
que a hipnose funciona realmente assim?
Apesar do uso de hipnose ser comum em shows de TV e filmes místicos, ela é uma
ferramenta de diagnóstico e tratamento médico reconhecida pelo Conselho Federal
de Medicina desde a década de 1990.
Hipnose é um estado mental em que a atenção da pessoa fica concentrada e a
consciência reduzida, assim ela passa a ser mais suscetível a sugestões. Esse
estado hipnótico chamado de indução acontece após uma série de instruções
preliminares e sugestões. A hipnose funciona modulando a atividade em regiões do
cérebro associadas à atenção focada. As técnicas usadas em shows e na área
médica são semelhantes, mas em tratamentos ela é direcionada e envolve
sugestões mais aprofundadas e diretas. O uso é comum na odontologia, psicologia,
fisioterapia e terapia ocupacional, nestes campos ela chamada de hipnoterapia.

Hipnose de palco
Na TV e na internet, bastam alguns segundos para que o hipnotizador faça a
pessoa imitar uma galinha ou sair por aí pulando. Antes disso, é comum ele fazer
demonstrações com a plateia, como induzir as pessoas a ficarem com as mãos
coladas, isso na verdade são testes para determinar quem é mais suscetível à
hipnose e ajuda a escolher quem vai fazer a demonstração maior. Se você prestar
atenção vai perceber que algumas vezes, quando alguém é escolhido
aleatoriamente, essa pessoa é deixada para “depois”, isso porque provavelmente
trata-se de alguém que não entraria em transe profundo.

“Nos testes é usado uma linguagem hipnótica, com
voz monótona, constante e observando se a
pessoa está respondendo. A respiração é fundamental, no começo é mais agitada, quando a
pessoa está entrando em transe é mais profunda e lenta.“Márcia Mathias, presidente da Ahierj (Associação de Hipnose do Estado do Rio de Janeiro

De acordo com os especialistas, nesse ambiente entram em ação a pressão social
e um sentimento de cooperação com o hipnotizador.” Hipnose não é um poder
mágico. Ela se vale do nosso funcionamento psicológico e social normal para
funcionar. Em geral as pessoas ‘tentam ajudar inconscientemente’ para que o
procedimento dê certo”, explica o psicólogo Guilherme Raggi, pesquisador do tema
no Instituto de Psicologia da USP.
Na verdade, praticamos momentos de auto-hipnose diariamente quando nos
concentramos ao ponto de não perceber o tempo passar ou o que está
acontecendo a nossa volta, ou mesmo quando não escutamos alguém que está
próximo nos chamar.
Hipnotizar pode até ser fácil, mas nem todo mundo pode ser facilmente
hipnotizado. De acordo com um estudo da Faculdade de Medicina da Universidade
de Stanford, publicado em 2012, a hipnose não está ligada a um traço de
personalidade, mas a diferenças nas reações do cérebro.
Usando ressonância magnética, os pesquisadores analisaram a atividade cerebral
de pessoas mais e menos suscetíveis a hipnose e descobriram que em pessoas
altamente hipnotizáveis as regiões cerebrais responsáveis por tomadas de decisões
e que definem se uma coisa é mais importante do que outra eram ativadas ao
mesmo tempo durante a sessão, enquanto nas menos suscetíveis havia pouca
conectividade entre essas áreas do cérebro.
“Muitas pessoas não são hipnotizáveis. A habilidade de entrar em transe hipnótico é
muito variável. São necessárias três coisas básicas: a pessoa precisa ser
neurologicamente normal, ser uma pessoa com boa capacidade de imaginação e
precisa haver vínculo de confiança no hipnotizador. Se a pessoa não acredita até dá
para hipnotizar, desde que ela se disponha a participar”, explica o obstetra Osmar
Ribeiro Colás, presidente da Associação Brasileira de Hipnose.
Por exemplo: uma pessoa induzida a acreditar que não tem olfato e não
apresentam reação quando um vidro de amônia é agitado próximo ao nariz, são
consideradas muito sugestionáveis. Os cientistas acreditam que entre 15 a 20% da
população sejam muito suscetíveis a hipnose, cerca de 10% não podem ser
hipnotizadas e as demais tem níveis variáveis.
Para o psicólogo Maurício da Silva Neubern, da UnB (Universidade de Brasília), o
processo hipnótico é a junção de dois elementos. Um processo comunicativo
específico e o estado de transe. “Nesse estado há uma alteração das referências
entre o “eu” e o mundo, que envolvem tempo, espaço, matéria, causa, outro e
corpo.
“A pessoa em transe pode estar de fora da cena e se ver nessa mesma cena (dois
lugares ao mesmo tempo); pode estar aqui na poltrona e se ver na infância (em dois
tempos e dois lugares); pode estar no consultório em transe e se sentir voando
(alteração do lugar e da materialidade). Quando essas alterações acontecem,
emergem processos filogenéticos (anestesias, dissociações, distorções de tempo,
analgesias) e culturais (símbolos, sonhos, seres) que, geralmente, ficam inibidos
durante a vigília. Essas experiências comumente possuem um grande potencial
terapêutico”, explica o especialista.

Engana-se quem pensa que a pessoa hipnotizada está inconsciente. Ela está com a
consciência alterada, o que diminui o senso crítico. Não é possível estalar os dedos
e transformar o hipnotizado em um assassino. “Toda pessoa possui senso moral,
mesmo no transe. Se ela aceita realizar qualquer ação, é com seu consentimento
interno. Mesmo que tenha amnésia, a pessoa não fica inconsciente. Portanto,
nenhuma técnica possui esse poder de controle e corrupção de valores”, explica
Neubern.
Isso significa que a pessoa não muda de personalidade. Se ela é sugestionada a
sentir calor não quer dizer que possa ser direcionada a ficar nua. Isso depende se
em seu estado normal de consciência ela ficaria também. “Não é que a pessoa
obedece ao hipnotizador, ela na verdade realiza o que o cérebro está entendendo.
Ela se comporta de acordo com a informação com o senso crítico reduzido, porque
ele nunca fica abolido por completo”, explica Colás.


Hipnose como terapia
Durante a sessão a região responsável por processar e memorizar emoções e
reações sociais perde a conexão com a área responsável pela consciência. O que
facilita o organismo a acatar as sugestões do hipnotizador.
Em um caso de hipnose usada para tratamento de um trauma psicológico a pessoa
que passou pela experiência tende a relembrar como se estivesse revivendo aquele
momento e os estímulos externos daquela lembrança podem desencadear fobias,
depressão e ataques de pânico.
Neste caso, o professor Colás descreve como funcionaria uma sessão de
hipnoterapia:
“Posso colocar a pessoa em transe hipnótico. Fazê-la se imaginar no cinema vendo
a um filme e segurando um controle remoto e torno a minha voz uma ligação de
segurança. Para que ela saiba que está segura. Quando isso acontece peço que
ela ligue a tela e assista ao momento mais traumático da situação. Ela está
dissociada, não está vivendo a situação só assistindo. Ela não revive a experiência
como se estivesse acontecendo, ela rebobina, passa em branco e preto, passa
acelerado, passa de trás para frente. Quando isso é feito várias vezes, ela está
inconscientemente aprendendo que aquilo foi ruim mas ficou no passado. Quando
ela retorna, eu consigo colocar aquela experiência em outro tempo e se torna algo
do passado. A imagem perde a força emocional que tinha, isso é chamado de
dessensibilização sistemática”.

Perigos da Hipnose
Apesar de parecer um procedimento simples e divertido em shows, a hipnose pode
ser perigosa.

“Tudo que você vê no palco é verdade, mas não é terapêutico e é perigoso”Osmar Ribeiro Colás, obstetra, professor da Unifesp e presidente da Associação Brasileira de Hipnose.

Para os especialistas, a hipnose indevidamente utilizada pode mobilizar emoções e
memórias que se encontram protegidas pelo inconsciente como questões ligadas a
segredos familiares, problemas de identidade. “Há o risco de desencadear
experiências emocionais desorganizadoras, trazendo sérios problemas a pessoas
que, por exemplo, possuam alguma situação de sofrimento, como depressão,
problemas dissociativos, fobias, traumas mal resolvidos e, principalmente,
psicoses.”

Autor: Bia Souza

Fonte:https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2017/05/03/todo-mundo-e-hipnotizavel-e-facil-hipnotizar-cientistas-explicam.htm

Paz com todos.

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